sexta-feira, 6 de outubro de 2017

Sócrates e seus métodos

Todo mundo que estudou filosofia em algum momento da vida, e até mesmo quem nunca a estudou, não tem muita dificuldade em saber quem é Sócrates devido a sua famosa frase: "- Sei que nada sei". E o que tem por trás dessa frase? 

Para entender seus métodos de ensino, voltemos um pouco para entender como eram as formas de ensino nessa época. Na antiguidade, existiam pessoas detentoras do conhecimento a qual se dava o nome de Sofistas. Esses sábios - os sofistas - transmitiam seus conhecimentos da forma como eles o sabiam sem uma preocupação se aquilo era verdadeiro ou não. Sempre se valiam de suas opiniões e, assim, em suas assembleias, transmitiam aquele conhecimento de forma a induzir os espectadores a apenas reproduzir aquelas informações. (Qualquer semelhança com as formas de ensino atuais não é mera coincidência. Podemos observar muitos professores se utilizando de métodos sofistas até hoje). Um grande problema nessa forma de ensino é o de não permitir um diálogo entre transmissor e espectador, ou seja, não existe a possibilidade de conduzir o espectador a elaborar o seu próprio conhecimento. E é aí que entra Sócrates na história.

Ao contrário dos sofistas, Sócrates dialogava com o indivíduo afim de que este pudesse elaborar seu próprio conhecimento, pois, para Sócrates todos o possuem mas não sabe ou não lembram que o possuem - estamos distanciados do nosso saber. Sendo assim ele faz uso de um método próprio para fazer com que esse indivíduo atinja o saber através de si mesmo. Ele também fazia isso através de pequenos grupos, ou com uma pessoa por vez, diferente dos sofistas que transmitiam seus conhecimentos através de grandes assembleias.

Em relação ao método de Sócrates, ele se divide em três momentos:

Num primeiro momento, Sócrates convida o interlocutor para buscar o conhecimento se colocando em condição de igualdade com este, demonstrando não saber sobre, dando início ao diálogo, levantando questões das quais o interlocutor precisa encontrar as respostas.

O segundo momento de seu método, Sócrates usa da ironia para que o indivíduo entre em contradição com suas afirmações, levando-o a produzir um novo conhecimento. Segundo Reale, Sócrates joga com o interlocutor através de fingimentos e disfarces (REALE, 1993, p. 310) onde finge não saber e assim vai direcionando o indivíduo a encontrar as respostas dentro de si dentro de uma nova realidade despertada.

Nesse terceiro momento, e último por assim dizer, é marcado o uso da maiêutica em que Sócrates força o indivíduo a buscar respostas causando um certo desconforto neste por perceber que já não se sabe mais nada, até que devido a novas tentativas, o indivíduo consegue obter uma resposta que se aproxima mais do conceito ideal e aí o indivíduo se liberta de sua própria ignorância.

Mas, para que entender os métodos socráticos? A forma como Sócrates conduzia o ensinamento nos permite observar a importância do diálogo no processo de transmissão do saber. Isso nos traz uma reflexão das formas de ensino dadas na atualidade que nos faz observar que possuímos mais de um método e não apenas um. E dentre essas várias formas, tem se destacado o ensino à distância, mas será assunto para um próximo post.

Até breve!

Referências:
REALE, Giovanni. História da filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1993.

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