sábado, 7 de outubro de 2017

Novas formas de ensino: figura do Mestre

No post anterior, descrevi muito brevemente sobre os métodos socráticos usando os sofistas como comparação me justificando ao final a importância de se conhecer tais métodos para entender como se dá a transmissão dos ensinamentos nos dias de hoje e as relações entre a figura do mestre e seus alunos. Vimos que existem várias formas de se transmitir o saber: de forma indutiva/ imposta pelo mestre, em que este apenas expõe seus conhecimentos - muitas vezes formados por opiniões pessoais sem uma preocupação com a verdade - induzindo os expectadores a apenas reproduzir sua fala e o fazendo perante uma assembléia; e a forma socrática, que desperta o conhecimento já existente dentro de cada indivíduo, ajudando-o a encontrar as suas respostas, fazendo isso com pequenos grupos ou até mesmo individualmente. 

Partindo do pressuposto de que possuímos o saber internalizado em nós poderíamos pensar que não se faria necessária a figura de um mestre para ensinar algo. Mas se observarmos pelo ponto de vista socrático, mesmo possuindo o saber, se faz necessário a figura de uma pessoa que sirva de orientador/guia para que esse saber venha a ser conhecido pelo sujeito pois sozinho ele não conseguiria “recordar” esse saber. A figura do mestre como impositor não se faz necessária para a aquisição do conhecimento cabendo apenas ao sujeito ter o desejo/ a sede desse conhecimento e ir buscá-lo.

Há tempos se questiona a figura do mestre como detentor de todo o saber. Desde os sofistas essa forma de ensino se perpetua até os dias atuais podendo ser observado, em alguns casos, professores que se colocam como fonte do conhecimento impondo a sua forma de ver determinado assunto restringindo certa amplitude do tema por parte de quem recebe aquelas informações, nesse caso, seus alunos.

A crítica a esse modelo de mestre está no fato deste seduzir o ouvinte com sua retórica indutiva, que transmite determinado conhecimento influenciado por suas opiniões pessoais, de forma que este ouvinte não consegue atingir o conhecimento pleno pois não há, nesse método sofista, uma forma de promover o debate, dificultando a amplitude deste saber, tornando o indivíduo um mero reprodutor acrítico e limitado, incapaz de elaborar seu próprio saber. Tal fato pode ser observado também nos discursos de alguns políticos e representantes religiosos que usam o seu discurso de forma emotiva promovendo um espetáculo que captura a atenção de quem o escuta induzindo-o a crer somente em suas palavras sem abrir a possibilidade para um diálogo sobre o assunto.
Apesar dos sofistas serem duramente criticados em seu método restritivo, não podemos desconsiderar o fato destes terem propagado o saber para um maior número de pessoas.

O que acontece é a tentativa de desconstrução desse método que ainda se perpetua para que as pessoas busquem o saber de forma mais independente e que com isso se aprofunde nessa busca formando um grande campo de conhecimento, estando ela em qualquer lugar, como é a proposta do ensino à distância.

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